13 de novembro de 2011

Galoucas

Galinha branca
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Na quinta de um casal, com muitas primaveras já passadas, havia uma capoeira com muitas galinhas empoleiradas. O senhor e a senhora gostavam muito de animais. Alimentavam as suas galinhas com fartura e em troca recebiam ovos que eram uma doçura. Nesta capoeira, vivia uma galinha muito branca, de estatura maior que todas as outras, punha os maiores ovos e chamava-se Galoucas. Era apetitosa só de se olhar para ela. Branquinha e muito gordinha, daria um belo prato para o Natal. Mas o senhor e a senhora nunca a quiseram comer. Dava gosto olhar para ela e não queriam ficar sem os seus ovos. Galoucas vivia muito feliz e descansada, por ver a sua esperança média de vida alongada. Assim todos os dias cantava:
 Sou a galinha mais linda e gordinha
A mais trabalhadeira desta capoeira
Sou boa cantora, sou encantadora
E os meus ovos são de primeira
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Apareceram por lá certo dia dois ratinhos. Eram grandes músicos. Ao ouvir a música encantadora, a Galoucas sonhadora, pediu-lhes que tocassem enquanto cantava. Lá começaram, mas logo depois pararam. Galoucas não estava dentro do tom, disseram eles, nem estava a colocar bem a voz. Zangada, a galinha cantava:
Sou a galinha mais linda e gordinha
A mais trabalhadeira desta capoeira
Sou boa cantora, sou encantadora
E os meus ovos são de primeira
Tentaram novamente, mas Galoucas era demasiado estridente. Desentenderam-se. 
- Vão-se já embora! Póóoóah!  Pópópó, Póóoóah, Póóoóah! Vocês não servem para nada, seus ratos. Quem quer ouvir essa música tão requintada que ninguém entende? Vão, coisas pequeninas e feias. Póóoóah!  Pópópó, Póóoóah, Póóoóah! Aqui querem-se penas e de preferência penas brancas, muito alvas como as minhas.
Sou a galinha mais linda e gordinha
A mais trabalhadeira desta capoeira
Sou boa cantora, sou encantadora
E os meus ovos são de primeira
Os ratinhos muito tristes, aconchegaram-se num cantinho e começaram a chorar. Passou a senhora, que gostava de todos os animais e foi buscar-lhes milho cozido, pensando que tivessem fome. Vendo isto, Galoucas ficou louca. Toda a vida recebera milho cru em troca de ovos de ouro, e aqueles ratitos sem quaisquer atractivos ganhavam milho cozido.
- Vão-se já embora! Póóoóah!  Pópópó, Póóoóah, Póóoóah! Aqui quer-se gente útil. Dão-nos de comer e nós damos ovos em troca. O que têm vocês para dar? Póóoóah!  Pópópó, Póóoóah, Póóoóah! Nada! Só comem e comem o que é dos outros. Eu cá não. Eu dou os melhores ovos e os maiores.
Sou a galinha mais linda e gordinha
A mais trabalhadeira desta capoeira
Sou boa cantora, sou encantadora
E os meus ovos são de primeira
Nessa noite, passou um mendigo pela quinta cheio de fome. Desesperado por conseguir algo para se alimentar e ao seu filho pequeno. À luz da lua cheia, branca e fofa como algodão doce, estava naquela capoeira, uma galinha formosa e apetitosa. Levou-a, tirou-lhe todas as penas brancas, cozinhou-a e comeu-a com o seu filho.
O senhor e a senhora ficaram desolados sem a sua Galoucas. Sentaram-se muito tristes à beira da capoeira, quando ouviram baixinho uma música tão linda que se alegraram os seus corações. A música ficou mais alta, mais alta, mais ritmada, mais cheia, inundando de alegria toda a capoeira. Os ratinhos eram alimentados e tocavam melodias de ânimo. Todas as outras galinhas começaram a por ovos maiores.
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Sila A.

4 comentários:

  1. Conto bastante interessante.

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  2. Antes saber tocar música do que a vaidade de pôr ovos grandes.

    Beijinhos do pai.

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  3. Não se pode ser bom em tudo...

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  4. A vaidade tem um preço...
    Faz-me lembrar a história da Galinha Verde, mas esta sabia argumentar com as invejosas...

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