1 de novembro de 2011

A Pomba Branca


Pomba Branca
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Era uma vez uma pomba branca. Branca como as pedras da calçada que pisava, branca como a espuma do mar que avistava e branca como a neve que nunca vira. Era a única pomba branca num bando cinza. Cinza como a calçada das ruas, cinza como as pedras que desenhavam a branca calçada da praça, cinza como a mistura do branco e do preto.

Pombas
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A pomba branca tinha muitas amiguinhas quando era pequenina. Quando saltitavam pela calçada desenhada, de milho salpicada, grão a grão se alimentavam, grão a grão cresciam. A primeira a voar foi a Lili. Abriu as asas, bateu-as e voou aos céus. Que bom que era voar e ver tudo de lá de cima. Que bom que era chegar a outro lugar tão depressa. Que bom que era sentir o vento no rosto e abraçá-lo com as asas. Para isso nascem as pombas. Para voar. Depois foi a Lulu. Também bateu as asas e voou. A pomba branca também tentou, mas não conseguiu. No chão ficou. Depois foi a Malu e a seguir a Vivi. Todas batiam as asas e voavam e ao céu alto se elevavam. A pomba branca também tentava, mas não conseguia e no chão ficava.
Ficava só quando todas as outras voavam. Ficava triste quando estava só. E como as asas não a elevavam, suas patas pela calçada caminhavam onde o branco e o cinza desenhavam. Tudo o que as suas asas lhe permitiam era dar saltos e poisar com facilidade. Mas chegar lá ao alto, não lhe estava destinado.
Calçada
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Então um dia ela chorou e chorou o céu também. As lágrimas são lentas e a chuva vem suave, leve e cai num ritmo musicado. Cai na calçada desenhada, plim, plim, plum. Aqui e ali nas pedras brancas, plum, plim, plim. Perto, perto, longe. Perto, perto, longe. E a pomba branca, que tão bem conhecia as pedras da calçada, via os pingos da chuva a cair, plim, plim, plum, a cair nas pedras da calçada como se fossem um xilofone, plum, plim, plim. As suas patinhas seguiram as gotinhas de chuva, plim, plim, plum, no ritmo da calçada, plum, plim, plim e a pombinha branca não voava, não; dançava. Dançava na calçada de branco e cinza desenhada, num ritmo musicado. Suas asas não voavam, mas permitiam acrobacias, permitiam que dançasse como quem voa. E quando o ritmo se intensificou, e a chuva mais forte se tornou, as asas cinzentas pesavam e à calçada desenhada regressavam. E à medida que pousavam, a dança admiravam. Num ritmo musicado, plim, plim, plum, batia um coração, plum, plim, plim.
Sally M

5 comentários:

  1. Muito giro. Muito bem escrito e muito encorajador. Cada um tem as suas aptidões e apenas nos cabe usá-las da melhor maneira. Continue a escrever artigos assim. :D

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  2. Um dia a «pomba» voará.

    Beijinhos do pai.

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  3. E se não voar, será uma grande bailarina! Obrigada!
    Beijo Grande

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  4. Se a pomba branca soubesse voar, nunca teria descoberto o seu talento único para a dança, nem teria sido tão admirada pelas outras pombas.

    O que parece mau hoje, pode tornar-se bom amanhã.
    Por isso, há que ser positivo...

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  5. Tens muito jeito para escrever contos : )

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